sexta-feira, 18 de julho de 2008

A História do Violino


Violino
Há um certo mistério a respeito da origem do violino. Ninguém sabe exatamente quando ou como o violino foi originalmente inventado. Na época medieval havia uma surpreendente variedade de instrumentos de cordas tocados com arco. Os mais importantes destes instrumentos, que o violino pode considerar seus ancestrais, foram: o rabab árabe ou rabeca de espigão, que, mais tarde, na Europa, transformou-se na rebec, mais delgada, com um formato de pêra, e geralmente com três cordas; e a rebeca ou vielle, com cinco cordas, com o formato de um oito.
O violino propriamente dito apareceu na Itália durante a primeira metade do século XVI. Naquele tempo, os instrumentos de corda tocados a arco mais populares eram as violas. Essas violas antigas pertencem, porém, a outra família de instrumentos de corda, muito diferente do violino.
Por algum tempo as violas antigas e os violinos tocaram lado a lado. Os compositores, porém, começaram a preferir o violino pela maior agilidade, poder e brilho de seu som e por sua maior capacidade de expressão.
Gradualmente, as violas foram caindo em desuso. Hoje em dia, estão sendo usadas uma vez mais para tocar peças que, originalmente, foram escritas para elas.
O violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo produzem os seus sons exatamente da mesma maneira. Quatro cordas - de tripa, metal ou náilon - são esticadas ao longo de uma caixa oca, de madeira. As cordas, fixadas no estandarte, são passadas sobre o cavalete, alongando-se até as cravelhas. O cavalete impede as cordas de tocarem a parte principal do corpo do instrumento, deixando-as assim livres para vibrar. A parte do corpo do instrumento é feita de pinho-de-riga e o restante, de sicômoro. Um verniz especial é aplicado para conservar a madeira e aperfeiçoar a qualidade do som.
Todos os sons são causados por alguma coisa que vibra. Quanto mais lentas forem as vibrações, mais grave será a nota. Quanto mais rápidas forem as vibrações, mais aguda será a nota. Em qualquer instrumento que produza som por intermédio de cordas que vibram, a altura das notas dependerá:
1 do comprimento das cordas2 da tensão ou retesamento das cordas3 da espessura das cordas
Uma corda mais longa vibrará mais lentamente que uma corda curta e portanto produzirá uma nota mais grave. No entanto, por causa do tamanho e do formato do violino, é necessário que todas as cordas tenham o mesmo comprimento. As cordas produzem notas de altura diferente porque variam em espessura e tensão. O instrumentista afina as cordas ajustando as cravelhas. Quanto mais tensa estiver a corda, o que se obtém apertando a cravelha, mais aguda ela soará. As quatro cordas do violino são afinadas em intervalos de quinta.
Uma corda mais grossa vibrará mais lentamente que uma corda mais fina, produzindo portanto uma nota mais grave. A corda afinada na nota sol é a corda mais grossa; a corda mi é a mais fina.
O instrumentista segura o violino de maneira a colocá-lo entre o ombro e o lado esquerdo do queixo. Apesar de as cordas poderem ser postas em vibração quando são dedilhadas com as pontas do dedo (pizzicato), a maneira mais comum de fazê-las vibrar é passando o arco transversalmente nelas. O arco é uma vareta de madeira ao longo da qual são retesados mais 200 fios de crina de cavalo. Antes de usar o arco, o instrumentista passa resida na crina. Com isso, dá uma certa adesividade à crina, o que causa maior aderência desta às cordas. É assim que, quando passa o arco, a crina "pega" a corda fazendo pressão sobre ela e deslocando-a ligeiramente para o lado. A corda se solta imediatamente, mas é uma vez mais colhida pela crina - e assim o processo se repete, várias vezes por segundo, causando a vibração da corda e portanto a produção da nota.
Quando uma corda é tocada, as vibrações se propagam, através do cavalete da alma, pela caixa sonora do instrumento. Esta começa então a vibrar, tornando os sons mais fortes e mais ricos antes de eles poderem sair pelas aberturas acústicas em forma de ff situadas em cada um dos lados do cavalete.
Vimos que, quanto mais curta for a corda, mais aguda a nota soará. O comprimento do violino naturalmente limita o comprimento das cordas. O instrumentista não pode tornar mais longas as cordas, mas pode encurtá-las e assim produzir notas diferentes. O violinista encurta as cordas ao pressioná-las contra o braço do instrumento, ou seja, apertando-as ou dedilhando-as. Quando uma corda é dedilhada desta forma, somente o segmento da corda entre o cavalete e o ponto onde a corda está sendo pressionada entrará em vibração.
Pressionando as cordas em pontos diferentes (o instrumentista é orientado pelo ouvido, pois não há marcas para mostrar onde colocar os dedos), o violinista pode produzir até cinqüenta notas diferentes.
Duas notas podem soar simultaneamente quando se pressiona duas cordas ao mesmo tempo. Chama-se a isso dedilhado duplo. Algumas vezes o instrumentista precisa tocar três notas simultaneamente (dedilhado triplo) ou até quatro (dedilhado quádruplo). Neste caso, ele terá que tocar com o arco, antes as duas cordas mais graves e logo depois tocar as duas mais agudas, pois a curvatura do cavalete impede o arco de tocar todas as quatro cordas simultaneamente.
Talvez você já tenha notado que, ao tocar uma passagem lenta, muitas vezes o violinista movimenta ligeiramente a mão para cima e para baixo quando está pressionando as cordas. Esse movimento e o seu resultado sonoro são chamados de vibrato. Tais movimentos da mão causam pequenas variações na altura de uma nota, que dão muita vida e calor ao som produzido.
O violino tem uma imensa variedade de expressão. O som pode ser controlado ao ponto de tornar-se gradualmente mais forte ou mais fraco. As notas podem ser tocadas uma sucedendo a outra com delicadeza, ou claramente definidas e perfeitamente destacadas. A dinâmica e a qualidade de som podem ser variadas alterando-se a pressão do arco, a maneira como o arco entra em contato com as cordas (ataque), ou a localização específica do arco sobre as cordas - perto do cavalete, perto do braço ou (onde comumente se encontra) entre o cavalete e o braço.
Aqui então algumas das muitas maneiras pelas quais se pode tocar o violino, demonstrando assim a enorme extensão do seu som e do seu timbre:
Legato (em italiano: ligando suavemente). Este é o golpe de arco mais comumente usado, no qual cada nota é suavemente seguida de outra.
Martellato (martelado). As notas são tocadas separadamente, com golpes curtos e vigorosos.
Saltando. Golpes decididos e curtos com o meio do arco fazem com que este ricocheteie levemente nas cordas.
Com sordino (com surdina). A surdina é um objeto pequeno, parecendo um pente, que, encaixado no cavalete, amortece as vibrações, fazendo com que o instrumento produza um som murmurante, argentino. Quando o compositor quer que o instrumentista retire a surdina, põe na partitura as palavras italianas senza sordino (sem surdina).
Pizzicato. As cordas são dedilhadas com as pontas dos dedos. Quando o compositor quer que o instrumentista use novamente o arco, escreve essa palavra.
Tremolo (tremendo). Existem duas espécies de tremolo:
Tremolo dedilhado, em que se alternam rapidamente duas notas e cada grupo de notas é tocado com um só golpe de arco.Tremolo com arco, efeito tremulante, agitado e muito dramático, que consiste basicamente em rápidas repetições de uma nota através de velozes movimentos do arco para baixo e para cima.
Sul ponticello (no cavalete). As cordas são tocadas com o arco muito perto do cavalete, produzindo um som lúgubre, especialmente quando combinado ao tremolo com arco.
Harmônicos. São sons agudos, suaves, aflautados, produzidos quando se toca levemente a corda com a ponta do dedo.
Col legno (com a madeira). O instrumentista passa a parte de madeira do arco nas cordas, em vez de passar a crina.
O violino mudou surpreendentemente pouco desde o século XVI, apesar de algumas alterações menores terem sido feitas no que diz respeito à sua construção (inclusive o desenho do arco) e ao seu tamanho.
Alguns dos melhores violinos foram feitos durante o século XVII por três famílias de artesãos excepcionais que viveram na cidade de Cremona, no Norte da Itália: os Amati, os Guarneri e os Stradivari. O maior de todos esses artesãos construtores de violinos foi Antonio Stradivari, que é conhecido por ter construído mais de mil instrumentos (além de violinos, também violas e violoncelos), muitos dos quais continuam a ser tocados até hoje em várias partes do mundo.
Quase todas as observações feitas com relação ao violino aplicam-se igualmente à viola, ao violoncelo e ao contrabaixo. Basicamente, esses outros instrumentos diferem do violino apenas em tamanho, extensão e timbre. Na verdade, antigamente fazia-se referência a esses quatro instrumentos de cordas simplesmente como "violinos". Por exemplo, durante o século XVII, a famosa orquestra de cordas da corte de Luís XIV, o "Rei Sol" da França, era conhecida como les vingt-quatre violons du Roy (os vinte e quatro violinos do Rei ). Com o passar do tempo, porém, os três instrumentos de maiores proporções assumiram os nomes pelos quais os conhecemos hoje em dia: viola, violoncelo, contrabaixo.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Marc Chagall (Vitebsk, Bielorrússia, 7 de julho de 1887Saint-Paul-de-Vence, França, 28 de março de 1985) foi um pintor, ceramista e gravurista surrealista russo-francês.
De seu verdadeiro nome Moishe Zakharovich Shagalov (em
bielorusso: Мойша Захаравіч Шагалаў; em russo: Мовшa Хацкелевич Шагалов), iniciou a sua formação artística quando entrou para o ateliê de um retratista famoso da sua cidade natal. Lá aprendeu não só as técnicas de pintura, como a gostar e a exprimir a arte. Ingressou, posteriormente, na Academia de Arte de São Petersburgo, de onde rumou para a próspera cidade-luz, Paris.
Ali entrou em contacto com as
vanguardas modernistas que enchiam de cor, alegria e vivacidade a capital francesa. Conheceu também artistas como Amedeo Modigliani e La Fresnay. Todavia, quem mais o marcou, deste próspero e pródigo período, foi o modernista Guillaume Apollinaire, de quem se tornou grande amigo.
É também neste período que Chagall pinta dois dos seus mais conhecidos quadros:
Eu e a aldeia e O Soldado bebé, pintados em 1911 e em 1912, respectivamente.
Os títulos dos quadros foram dados por
Blaise Cendrars. Coube a Guillaume Apollinaire selecionar as obras que seriam posteriormente expostas em Berlim, no ano em que a 1º Grande Guerra rebentou, em 1914.
Neste ano, após a explosão da
guerra, Marc Chagall volta ao seu país natal, sendo, portanto, mobilizado para as trincheiras. Todavia, permaneceu em São Petersburgo, onde casou um ano mais tarde com Bella, uma moça que conheceu na sua aldeia.
Depois da
grande revolução socialista na Rússia, que pôs fim ao regime autoritário czarista, foi nomeado comissário para as belas-artes, tendo inaugurado uma escola de arte, aberta a quaisquer tendências modernistas. Foi neste período que entrou em confronto com Kasimir Malevich, acabando por se demitir do cargo.
Retornou então, a Paris, onde iniciou mais um pródigo período de produção artística, tendo mesmo ilustrado uma
Bíblia. Em 1927, ilustrou também as Fábulas de La Fontaine, tendo feito cem gravuras, somente publicadas em 1952. São também deste ano conhecidas, as suas primeiras paisagens.
Visitou, em
1931, a Palestina e, depois, a Síria, tendo publicado, em memória destas duas viagens o livro de carácter auto-biográfico Ma vie (em português: Minha vida).
Desde o ano de
1935, com a perseguição dos judeus e com a Alemanha prestes a entrar em mais uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões e depressões sociais e religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.
Anos mais tarde, parte para os
Estados Unidos da América, onde se refugia dos alemães. Lá, em 1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, facto que lhe causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia iniciado em 1931:Em torno dela.
Dois anos depois do fim da
guerra, regressa definitivamente à França, onde pintou os vitrais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Na
França e nos Estados Unidos da América pintou, para além de diversos quadros, vitrais e mosaicos. Explorou também os campos da cerâmica, tema pelo qual teve especial interesse.
Em sua homenagem, em
1973, foi inaugurado o Museu da Mensagem Bíblica de Marc Chagall, na famosa cidade do sul da França, Nice. Em 1977 o governo francês condecorou-o com a Grã-cruz da Legião de Honra.
Tendo sido um dos melhores pintores do
século XX, Marc Chagall faleceu em Saint-Paul-de-Vence, no sul da França, em 1985.